O plástico e o cotidiano do planeta

Leonardo Milhomem *

Estes dias me peguei pensando como o plástico dominou nossas vidas.

O plástico é um material relativamente barato (comparado com outros) e muitíssimo presente em nosso dia-a-dia, mas sabemos que ele pode ser um grande problema. Já falamos sobre as montanhas de plástico, as ilhas de plástico e até mesmo sobre como microplástico que vai parar no nosso organismo.

Uma coisa não podemos negar: o plástico é prático. Ele está presente em embalagens que ajudam a conservar os alimentos por mais tempo, está presente nas vacinas, medicamentos, nas garrafas de bebidas que facilitam transporte, nos carros, aviões, brinquedos… Enfim, em quase tudo ao nosso redor pode-se encontrar plástico, o que muitas vezes tornam nossas vidas mais práticas.

E a reflexão que eu faço hoje é que muitas vezes esses materiais de plástico são utilizados por pouquíssimo tempo. Estes dias, por exemplo, durante o trabalho, estava pensando que para tomar um simples cafezinho a gente gasta um copo plástico descartável. Bem, esse plástico provavelmente deve ser derivado do petróleo, então foi necessário retirar o petróleo, transportá-lo, beneficiá-lo, transformá-lo em copos que, por sua vez, foram agrupados em uma pilha de copos, embalados também em plástico, transportado, levado até o local onde a gente compra, transportado até o local onde trabalho. Pronto, agora esse copinho é preenchido com café e, em apenas alguns minutos, todo esse trabalho que foi feito, toda essa energia que foi gasta, todo esse carbono que foi emitido para esse petróleo virar um copinho de plástico é praticamente inútil. Todo esse trabalho é descartado após o último gole de café, ou seja, todo esse esforço por alguns míseros minutos de utilização.

O que espanta é o grande esforço e energia para se produzir, transportar, pouquíssimo tempo de utilização e muitos anos, talvez centenas de anos, para que ele possa, algum dia, desaparecer da natureza.

Pensando nisso tudo, proponho uma reflexão e uma dica simples: a utilização de latas de alumínio ao invés de objetos plásticos. O alumínio também tem todo um processo para ser produzido. É preciso encontrar minas, extrair os minérios, transformá-los em metal, transportar, transformar em embalagens, preenchê-las, etc. Mas aqui está a grande diferença do plástico para o alumínio, no Brasil, 98% dele é reciclado. Em outras palavras, a chance de uma lata de alumínio virar um outro objeto de alumínio completamente útil para nós é de cerca de 98%. Já a chance de um plástico ser reciclado, no Brasil, é de aproximadamente 23%, o restante vai ser jogado sabe-se lá onde.

Nos casos em que as embalagens são retornáveis, como cervejas e alguns refrigerantes, fazer essa escolha é ainda mais adequado, pois uma embalagem poderá ser utilizada centenas de vezes sem gerar resíduo algum.

Então, no momento de escolher o que você vai comprar, recomendo muito fortemente bebidas em embalagens retornáveis, posteriormente de alumínio. Todas elas são praticamente iguais em suas funções de conservação do alimento ou da bebida. Por fim, vale lembrar que ao escolher embalagens de alumínio e descartá-las corretamente, você estará ajudando na preservação do meio ambiente e na geração de renda para cooperativas de catadores e até mesmo de catadores individuais que vivem destes materiais.

Ser mais sustentável começa no momento de escolher o que você vai levar para casa. É um caminho sem volta.

* Leonardo Milhomem é especialista em gestão de Políticas e Sistemas Educacionais pela Escola Nacional de Administração Pública. É mestre em Gestão de Políticas e Sistemas Educacionais pela Universidade de Brasília (UnB) e possui mais de 20 anos de experiência incluindo a área ambiental, educacional e social. Além disso, tem experiência no terceiro setor, setor privado e no serviço público, onde ocupou cargos importantes de coordenação-geral e direção em diversos ministérios.

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