Primeiras impressões do “novo” Congresso

Primeiras semanas de trabalho neste “novo” Congresso vem sendo um verdadeiro jogo de xadrez para uma construção política tanto para a base do governo como para a oposição. Ainda está tudo muito confuso e, na verdade, estranho seria se não estivesse. São muitos detalhes e jogos ocultos. Vamos analisar alguns destaques e expressar aqui as primeiras impressões.

Aqui de dentro já acompanhamos as primeiras jogadas e algumas verdadeiramente de mestre. Começando com à reeleição dos dois presidentes das casas, onde no Senado Federal, Rodrigo Pacheco foi reeleito para a presidência com 49 votos, contra 32 do oponente Rogério Marinho, que representava os partidos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Já na Câmara, Arthur Lira foi reeleito em votação recorde, com 464 votos. Os resultados causaram surpresa a ninguém. E apesar de desta vez terem sido apoiados pelo presidente Lula, digo desta vez, pois na última eleição ambos tinham sido apoiados pelo então presidente Bolsonaro; suas vitórias não representam, necessariamente, uma garantia de tranquilidade para o atual governo. Enquanto isso Jair Bolsonaro vem acompanhando o jogo de longe, o ex-presidente está desde o final de 2022 nos Estados Unidos da América.

No momento a grande disputa no Congresso está nas instalações das comissões temáticas. No Senado as comissões já foram definidas e na Câmara os deputados continuam tentando chegar em um consenso. Nesta semana estão previstas novas reuniões entre os líderes, e o presidente Lira deve anunciar quem ficará com a presidência de cada colegiado. As maiores disputas estão pelo comando das comissões mais importantes, como a Comissão Mista de Orçamento (grana) e Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (poder). Tá difícil, mas tá mais perto do que longe a definição desse quebra-cabeça.

O principal ponto que deixa a base do governo e principalmente o “centrão” de olhos bem abertos, é em relação a “bufunfa”. Congresso negocia com Lula e terá valor recorde para gastar com emendas parlamentares. Quantia de R$ 46 bilhões supera até mesmo a do governo Bolsonaro, quando havia emendas de relator. É ou não é bastante atraente?

Em meio a todas essas disputas internas, ainda temos algumas propostas de CPI bem polêmicas que tiram o sono do governo federal, movimentam as redes sociais e podem tumultuar o andamento das pautas prioritárias pro Planalto no Congresso. São grandes apostas para a oposição: a “CPMI do 08 de Janeiro” com o intuito de investigar as invasões nos poderes da República e a “CPI do MST” com ênfase na investigação do MST e nas últimas invasões de terra. Já o governo contra-ataca com a proposta da “CPI das Joias Sauditas” em uma clara tentativa de criar uma cortina de fumaça e ofuscar as propostas de CPI da oposição. Tá ou não tá uma verdadeira confusão?

A Reforma Tributária é uma das prioridades do governo Lula no primeiro semestre, ao lado da apresentação de um novo arcabouço fiscal a substituir o teto de gastos. Esses serão testes de

fogo e uma medida para avaliarmos a verdadeira força do atual governo. Pois em peso de hoje, na minha opinião, o governo ainda não tem essa força no Congresso, mas tem muitas ferramentas para construir.

Junção de partidos políticos também vem acontecendo nos últimos meses e essa movimentação vem sendo bastante interessante, a meu ver. Nós estamos caminhando para uma diminuição partidária, podendo chegar a 7 ou 8 partidos em um futuro bem próximo. Dois de esquerda, dois de direita e uns três de centro. Para diminuir, o caminho mais curto são as federações. Por exemplo, caso uma junção entre o União Brasil e PP se concretize, a federação União Progressista será composta por 108 deputados e 19 senadores. É ou não é interessante?

Essas são as minhas primeiras impressões de bastidores do Congresso Nacional e vale a pena frisar que os jogos estão apenas começando.

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