Sérgio Botêlho – Analistas detectam quadro acirrado de disputa e envolvimento total das partes interessadas na eleição no Senado; governo libera ministros senadores para a votação
A julgar pelo que dizem os analistas de plantão na mídia nacional, escorados, em suas análises, pelas costumeiras revelações de bastidores, foi, e segue intenso na manhã desta quarta-feira, 1º, o corpo a corpo por votos de senadores que podem decidir a disputa pela Presidência do Senado Federal, a ocorrer na tarde de hoje, depois da posse dos novos senadores marcada para 15 horas.
Dois candidatos principais concorrem à vaga: o atual presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e o senador Rogério Marinho (PL-RN), ex-ministro do governo Jair Bolsonaro (PL-RJ). O primeiro é apoiado por Lula e pela base aliada do atual governo. O segundo, pelos bolsonaristas com assento no Senado e de plantão nas redes, que colocam o referido pleito na condição clara de um terceiro turno.
Para o presidente Lula, a eleição de Pacheco, assim como a de Arthur Lira (PP-AL), para a Presidente da Câmara dos Deputados, eleição já praticamente sacramentada, representam maiores chances para um trâmite de projetos do governo, com destaque para os da área econômica e social, sem percalços acima do normal a acompanhar o processo legislativo costumeiro.
Para o ex-presidente Bolsonaro, e seus seguidores, a eleição de Rogério Marinho, permitiria enclavar uma resistência na chamada Casa Revisora, capaz de atrapalhar o quanto for possível o trâmite dos projetos de interesse do governo, além de fustigar o Supremo Tribunal Federal, cujos ministros são aprovados pelo Senado e podem ser impedidos também pelos senadores.
Pois bem. Até a hora da votação, a tendência é do assédio aos senadores aumentar, e muito, não só ao pé do ouvido como na utilização das redes sociais, incluindo ameaças explícitas, principalmente partidas da extrema-direita, para que os senadores traiam suas convicções iniciais. Para os bolsonaristas, a situação de Marinho já foi bem pior do que é hoje e é nisso que eles alicerçam a forte disposição que passaram a ter em favor de uma reviravolta na disposição inicial, que era francamente favorável a Pacheco.
Em função das enormes dificuldades que uma vitória bolsonarista no Senado Federal pode causar ao governo, o Diário Oficial da União circulou com a demissão de 4 ministros do governo Lula que são senadores titulares de mandato para que inequivocamente votem na candidatura de Pacheco. E, além disso, participem boca a orelha, ombro a ombro, de todo processo no plenário do Senado, com aval mais rápido do Planalto em suas promessas a senadores, certamente.
Da parte do Supremo Tribunal Federal reina grande expectativa pois, no jogo democrático de pesos e contrapesos, os ministros consideram que não vai ficar bom para o Estado de Direito que um dos poderes instale uma direção de orientação ideológica, no caso, de extrema-direita, em meio a todo um esforço que as instituições vêm fazendo para continuar vigiando e punindo atividades antidemocráticas e golpistas, como foi o caso dos terríveis acontecimentos de 8 de janeiro.
Os freios e contrapesos são baseados na ideia de que o poder deve ser dividido entre diferentes grupos, de modo que nenhum deles seja capaz de exercer um domínio absoluto sobre os outros.
Portanto, todo o foco político desta quarta-feira, 1, está voltado para o Senado Federal e a eleição de sua Mesa Diretora, a partir da escolha do presidente da Casa. O jogo é bruto e vai dizer como será o comportamento do Congresso Nacional como um todo ao menos nos dois primeiros anos do governo Lula, que são fundamentais para todo o período, que é de 4 anos, para o qual o petista e o seu vice, Geraldo Alckmin (PSB-SP) foram eleitos no segundo turno de outubro do ano passado.