19 MPs de Temer tramitam no Congresso

Desde 12 de maio Temer assinou 19 Medidas Provisórias, todas, em tramitação.
Temer comanda reunião ministerial. Crédito: Valter Campanato/Agência Brasil
Temer comanda reunião ministerial. Crédito: Valter Campanato/Agência Brasil

Passado o processo de impeachment, o novo governo de Michel Temer tem pela frente uma extensa pauta de interesse que precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional. São 19 medidas provisórias assinadas por Temer desde o dia 12 de maio, quando começou o governo interino do atual presidente da República. Além de mudanças na estrutura do próprio Poder Executivo, as medidas procuram equilibrar as contas do governo e incentivar a recuperação da economia.

Em entrevista na última quarta-feira (31), a líder do governo no Congresso, senadora Rose de Freitas destacou a necessidade de votar com urgência a pauta prioritária que está no Congresso.

— O país precisa ter confiança de que o governo votará, doa em quem doer, as medidas necessárias para ajustar a economia do Brasil e voltar a ter capacidade de respirar, pensar em emprego, investimentos e daí afora. O importante é fazer esse país voltar à normalidade institucional da sua economia — explicou.

Principais medidas

Entre as medidas editadas por Temer está a que trata de parcerias entre a iniciativa privada e o Estado e de contratos de concessão relacionados a infraestrutura. O texto cria o Programa de Parcerias e Investimento (PPI) para eliminar entraves burocráticos nas concessões. A MP 727/2016 já foi aprovada pela Câmara e precisa ser votada pelo Senado até esta quinta-feira, dia 8 de setembro. Nesta data, os senadores devem fazer um esforço concentrado e a MP, que tranca a pauta, deverá ser votada.

O texto pretende expandir a infraestrutura do País “com tarifas adequadas” e fortalecer o papel das agências reguladoras. Farão parte do programa empreendimentos em infraestrutura, em execução ou a serem executados por meio de contratos de parceria da iniciativa privada com a União; com estados e municípios por delegação ou com fomento da União; e medidas do Programa Nacional de Desestatização, como o retorno ao setor privado de empresas que foram estatizadas.

Outro texto, a MP 735/2016, altera cinco leis do setor elétrico brasileiro para diminuir os custos orçamentários da União com subsídios pagos para geração de energia elétrica e preparar o mercado para a redução da presença estatal. A MP facilita as privatizações no setor elétrico.

Reforma Administrativa

Também editada logo no início do governo interino, a MP 726/2016 trata da reforma administrativa. O texto também precisa ser votado até esta quinta-feira (8) para não perder a validade e igualmente tranca a pauta do Senado.

A reorganização da estrutura do Executivo Federal inclui a transformação, a junção, a criação e a extinção de ministérios, que passam a ser 24.  Outra MP, a 728/2016, editada 15 dias depois, recriou o Ministério da Cultura após protestos de agentes atuantes no setor, como artistas e entidades culturais. O texto foi aprovado com alterações pela Câmara dos Deputados. A casa incorporou a maior parte do texto que já havia sido alterado pela comissão mista que analisou a MP.

Outra medida também trata de alterações na estrutura do governo. O texto (MP 731/2016) substitui mais de 10 mil cargos em comissão do grupo direção e assessoramento superiores (DAS) por funções de confiança. Enquanto os DAS podem ser ocupados por qualquer pessoa, as funções são restritas aos servidores concursados. A estimativa é de que a substituição traga uma economia de R$ 252,9 milhões por ano para os cofres públicos.

A mais recente MP editada pelo governo é também uma das mais polêmicas. A MP 744/2016, acaba com o Conselho Curador da EBC, que incluía representantes da sociedade para zelar pelos princípios e autonomia empresa. O texto também prevê que o presidente da República pode destituir o presidente da EBC. No modelo anterior, o presidente da EBC tinha mandato de quatro anos e só poderia ser destituído pelo Conselho Curador, por um mínimo de dois votos de desconfiança.

No início do governo interino, o presidente da EBC, Ricardo Melo, foi exonerado por Michel Temer. A medida foi objeto de ação no Supremo Tribunal Federal (STF), que concedeu liminar determinando a volta do dirigente nomeado durante o governo Dilma.

Área social

A Medida Provisória (MP) 739/2016 prevê a revisão de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez que tenham sido concedidos há mais de dois anos. Para garantir a revisão, o texto cria um bônus salarial de R$ 60 para peritos médicos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) por perícia adicional feita, tendo como referência a capacidade operacional do profissional.

O objetivo, segundo o governo, é reduzir o estoque de benefícios por incapacidade que estão há mais de dois anos sem passar por perícia médica. O dispêndio anual do governo com os benefícios por incapacidade é de R$ 6,3 bilhões; já a despesa com auxílio-doença atingiu R$ 23,2 bilhões em 2015, quase o dobro do gasto em 2005 (R$ 12,5 bilhões).

Outra área em que o governo pretende reduzir custos é na remuneração administrativa do Fundo de Financiamento Estudantil (FIES). Antes da MP 741/2016, essa taxa  − de 2% sobre o valor dos encargos educacionais liberados – era paga pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Com a mudança, as instituições privadas de ensino superior pagarão esses encargos no lugar da União.

Ainda na área de educação, a MP 729/2016 cria novas regras de transferência de recursos da União para municípios e para o Distrito Federal. O novo critério obriga esses entes a ampliar anualmente o número de matrículas e a cobertura (vagas) em creches para crianças de 0 a 48 meses cujas famílias sejam beneficiárias de programas sociais. O apoio recebido pelos municípios vai depender do cumprimento dessas metas.

Dívidas

Outra medida editada pelo governo Temer que ainda precisa ser votada pela Câmara e pelo Senado é a que autoriza a liquidação e a renegociação de dívidas de crédito rural a (MP 733/2016). A medida beneficia agricultores do Nordeste e aqueles inscritos em dívida ativa da União. A liquidação dos débitos pode atingir até 95% do total, a depender do valor originalmente contratado e do período de contratação.

A repactuação das dívidas tem prazo de dez anos, carência até 2020, descontos diferenciados para quem pagar em dia e encargos financeiros variáveis de 0,5% a 3,5% ao ano, conforme porte e valor de contratação do financiamento. O texto também prorroga até 31 de dezembro de 2017 o prazo para inscrição no Cadastro Ambiental Rural (CAR).

FONTE: Agência Senado

Compartilhe este artigo:

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

SINOPSE DO NOTICIÁRIO DE 04.06.2023

As manchetes de hoje focam em fraudes em planos de saúde, ascensão da biometria facial para transações, tarifas de transporte público, mudanças em concursos públicos

Senado aprova MP dos Ministérios

O Senado aprovou nesta quinta-feira (1º) — último dia de vigência — a medida provisória 1.154/2023, que reestrutura os ministérios do Poder Executivo. A matéria havia