Sergio Botelho – As estatísticas servem muito para orientar os governos na adoção de políticas públicas. Nesse sentido, o Censo do IGGE, divulgado nesta quarta-feira, 28, traz, junto com os números, emocionantes desafios.
Na esteira da redução nas expectativas de crescimento da população brasileira, aumentou o número de idosos. Isso significa mais gente na conta do INSS e do SUS. Quer dizer, mais aposentados e mais pessoas sofrendo de doenças típicas da velhice.
Com a redução do crescimento populacional, há menos jovens e, portanto, menos pessoas contribuindo com o INSS. Então, a conta clássica de sustentação do sistema não fecha.
Por sua vez, o SUS precisa de mais recursos para atender a nova carga. São equações que o Estado vai ter de resolver. Viria por aí uma nova reforma da Previdência? Como carrear mais recursos para o SUS?
São questões importantes e desafiadoras que muitos países, não somente o Brasil, estão enfrentando com o envelhecimento da população.
Reforma da Previdência: o Brasil pode precisar considerar outra reforma previdenciária para garantir a sustentabilidade do sistema. Isso pode incluir elevar a idade mínima de aposentadoria, aumentar as contribuições previdenciárias ou alterar a fórmula para calcular os benefícios. São medidas politicamente delicadas e que exigem um debate público amplo e cuidadoso.
Promover a inclusão de mais pessoas no mercado de trabalho: Se houver mais pessoas contribuindo para a Previdência Social, o sistema será mais sustentável. Isso pode ser alcançado promovendo a inclusão de grupos sub-representados no mercado de trabalho (como mulheres e minorias), aumentando a educação e a formação profissional para ajudar as pessoas a obterem empregos melhores, e incentivando o empreendedorismo.
Impostos: O aumento dos impostos é uma opção, embora sempre impopular, para aumentar os recursos para o SUS e a Previdência Social. No entanto, qualquer aumento de impostos precisaria ser cuidadosamente calibrado para não prejudicar o crescimento econômico ou sobrecarregar excessivamente os contribuintes.
Eficiência nos gastos públicos: Outra abordagem seria encontrar maneiras de tornar o SUS e a Previdência Social mais eficientes, reduzindo o desperdício e melhorando a qualidade dos serviços. Isso pode incluir investir em tecnologia, melhorar a gestão e buscar parcerias com o setor privado.
Promoção da saúde e prevenção de doenças: Investir em promoção da saúde e prevenção de doenças pode ajudar a reduzir os custos de saúde a longo prazo. Isso pode incluir programas de educação em saúde, vacinação, promoção de estilos de vida saudáveis, etc.
A solução final provavelmente envolverá uma combinação dessas e de outras estratégias. Afinal, é um tema bastante complexo e que exige uma abordagem equilibrada e uma discussão cuidadosa envolvendo Estado e Nação. (SB)