Implicações climáticas globais na mira: a compreensão do fenômeno El Niño e seus impactos à luz das estimativas da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA).
O fenômeno El Niño é uma certeza atual, com uma probabilidade de 56% de atingir um pico significativo. Há também uma chance de 84% de que seja pelo menos um evento de moderado a grave, segundo as estimativas da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOOA), uma agência científica ligada ao governo dos Estados Unidos.
Informações divulgadas na quinta-feira (8) foram reunidas em um artigo da cientista Emily Becker. “Quanto mais intenso o El Niño, produzindo uma temperatura da superfície do mar significativamente acima da média, mais influência ele tem na alteração da circulação global, tornando mais provável os padrões de impacto”, explicou Becker.
O El Niño é definido pelo enfraquecimento dos ventos alísios (soprando de leste para oeste) e pelo aquecimento anormal das águas da superfície do leste da região equatorial do Oceano Pacífico. As alterações na interação entre a superfície oceânica e a atmosfera inferior resultam em mudanças climáticas em várias partes do globo. Isso ocorre porque a dinâmica das massas de ar assume novos padrões de transporte de umidade, impactando a temperatura e a distribuição das chuvas.
Circulação de Hadley “A massa de ar quente que sobe próximo à Linha do Equador se desloca em direção aos polos na alta atmosfera, retornando ao solo próximo de 30ºN e 30ºS, em um padrão chamado circulação de Hadley. Esta circulação está ligada às correntes de vento em latitudes médias e altas, que direcionam tempestades ao redor do globo e separam as massas de ar frio e quente”, Becker esclarece.
A agência americana salienta que pesquisas sobre o El Niño são essenciais para permitir a antecipação mundial às mudanças e impactos. No Brasil, o fenômeno causa seca em partes do Norte e Nordeste e tempestades mais fortes no litoral Sudeste e Sul. Nos Estados Unidos, é esperado um inverno com chuvas mais fortes no sul, enquanto o norte provavelmente registrará temperaturas mais altas.
O El Niño – que ocorre em intervalos de três a sete anos – persiste, em média, entre seis a 15 meses. As edições mais intensas, desde que o fenômeno passou a ser entendido pela ciência, ocorreram em 1982-1983 e em 1997-1998.
Após o término de um El Niño, um novo episódio só ocorrerá após a ocorrência de um La Niña, que também representa mudanças anormais na interação entre a superfície oceânica e a atmosfera inferior, mas no sentido oposto: há um resfriamento das águas superficiais do leste da região equatorial do Oceano Pacífico.
Mais calor
No mês passado, a Organização Meteorológica Mundial (OMN) já havia indicado que o El Niño teria início até o fim de setembro. De acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica, os critérios usados para identificar as condições do fenômeno estão preenchidos. Desde o mês passado, a temperatura da superfície do Oceano Pacífico na linha equatorial tem se mantido mais quente que a média.
Além disso, com base em um modelo climático, as previsões indicam que a temperatura nos próximos meses permanecerá acima do limite que caracteriza o El Niño. Por fim, os cientistas da Administração Nacional observaram padrões na circulação do ar típicos do fenômeno, com fortes ventos de superfície que ajudam a manter a água quente acumulada no oeste do Oceano Pacífico.
Para a agência dos Estados Unidos, as chances de um El Niño fraco são de 12%. Existe ainda uma possibilidade de que o fenômeno não evolua e recue. “A natureza sempre reserva surpresas. Embora as condições do El Niño tenham se desenvolvido, ainda há uma pequena chance (4-7%) de que as coisas desapareçam. Achamos que isso é improvável, mas não é impossível”, registra o artigo assinado por Emily Becker.
Crédito da foto: Alemi Nitahara/Agência Brasil
Com informações da Agência Brasil