Sérgio Botêlho – As queimadas no Brasil, nos últimos 40 anos, mostra uma realidade insustentável
Em face das recentes informações divulgadas pelo MapBiomas Fogo, é impossível não sentir um aperto no coração ao constatar que o Brasil queimou mais de 185 milhões de hectares, ou 21,8% do território, em quase 40 anos. Essa extensão, equivalente à soma das áreas da Colômbia e do Chile, ou a mais de três estados do Rio de Janeiro, representa um marco alarmante na devastação ambiental do país.
A Amazônia e o Cerrado, dois biomas de importância vital para a manutenção do equilíbrio climático global e preservação da biodiversidade, concentram quase 86% da vegetação nativa alvo das queimadas. Essa situação alarmante, marcada por décadas de irresponsabilidade e má gestão ambiental, deve ser tratada como uma questão de soberania nacional e interesse global.
Não é possível permitir que essa situação perdure. O Brasil, como guardião de uma das maiores riquezas naturais do planeta, tem a responsabilidade moral e legal de proteger e preservar o seu patrimônio ecológico. A ação coordenada entre os poderes públicos, setor privado e sociedade civil é imprescindível para reverter essa trágica realidade e garantir um futuro sustentável para as próximas gerações.
Para tanto, é fundamental implementar políticas públicas efetivas, que promovam o uso sustentável dos recursos naturais e incentivem a preservação e recuperação das áreas degradadas. É preciso fortalecer os órgãos de fiscalização e controle ambiental, garantindo recursos e pessoal capacitado para combater as práticas ilegais e predatórias.
Além disso, é necessário estimular a adoção de tecnologias limpas e sustentáveis, que minimizem o impacto das atividades econômicas sobre o meio ambiente. O engajamento do setor privado e a conscientização da sociedade civil são cruciais nesse processo, pois a preservação do meio ambiente é responsabilidade de todos.
O Brasil precisa, também, assumir um papel de liderança no cenário internacional, estabelecendo parcerias e buscando soluções conjuntas com outros países para enfrentar os desafios ambientais. A cooperação global é fundamental para combater as mudanças climáticas e garantir a preservação dos biomas ameaçados.
A situação atual é insustentável e não pode mais ser ignorada. A devastação silenciosa do Brasil clama por ação e coragem para enfrentar os desafios que se apresentam. É urgente a tomada de medidas concretas e eficazes para deter a degradação ambiental e garantir um futuro mais verde e próspero para o país e para o mundo.